2009/08/06


    O texto abaixo é uma brincadeira, um conjunto de impressões retiradas de algumas apresentações vistas em uma noite na academia Pé-de-Valsa. Foi uma experiência divertida. Se fosse um quadro, provavelmente seria um horizonte com o sol e a lua.

...

    Tudo era silêncio. Tensões e fluxos de calor passavam de uma forma peculiar. O destino mostrou-me um momento diferenciado.
    Ali, enquanto estava sentado, aguardava acontecimentos que não sabia como seriam. Começava a brotar de minha cabeça pelos meus ouvidos, como bolhas de sabão, pequenas pessoas de aparências diferentes. Eram manifestações de minhas percepções.
    Uns pareciam mais como observadores comuns, outros mais cômicos e com formas desproporcionais e ainda alguns como personagens clássicos do mundo: o malandro, o dançarino ou o garçom.
    E, enquanto tranquilo aguardava, tais entes diversos já fofocavam opiniões em meus ouvidos como diabos e anjinhos particulares.
    Repentinamente, luzes surgiram como velas em minha frente: o brilho do seu corpo ondulava com o calor dos pensamentos.
    _Quem é você corpo tremeluzente que paira como uma chama diante de mim?
    _Eu sou o dissipar da paixão e o sopitar da alegria que brotam na escuridão da noite. - Assim narravam meus sentidos companheiros e perceptivos em meus ombros.
    _Alegria!
    A felicidade transformara-se em um olhar malandro do homem e sua expressão no samba.
    _Ei, vê? Ai está a verdadeira malandragem que fomenta a felicidade de viver a dois.
    _Mas eu sou mineiro rapaz! E minha felicidade a dois não é malandragem mas a pureza do desejo que surge no primeiro olhar.
    No meio daquela discussão ferrenha percebi algo que até então não sabia: opiniões da consciência podiam ter diversas personalidades.
    _Mas o amor de verdade não são somente corpos ardentes. O amor de verdade vive sozinho, transpira e morre como o orvalho da manhã.
    _Contudo o poder da serpente e a sedução da alma é algo real e concreto. Quem você ama é, quem você quer é, respostas que nem sempre andam acompanhadas.
    _Eu sou a mulher de verdade, a dama do samba que rouba seu coração. Não me importa a quem você pertence, eu te desejo e por isto vou te ter!
    Agora sim tinha certeza, ali, sentado na mesa, que minha cabeça havia virado um botequim! Para de mineiro a carioca, santas a peruas, opinarem ao mesmo tempo naquele interim eu realmente deveria estar em alguma cafeteria underground ou aquele show que presenciava ligou alguma chave distante em minha cabeça.
    _Sim, você é meu. Com poucos traços em poucas curvas, conquisto todos os pensamentos de sua mente. Não vai amar, desejar ou pensar em mais nada ou ninguém. Somente eu e meu calor, o seu espírito vai sentir, Fecha os olhos e entra no paraíso.
    _Não mulher, o amor real é único e eterno. Seja através do tempo ou do destino, seja o encontro incomum ou insólito, o meu amor real sempre será por você.
    Cansado de tal caótica discussão guardei meu caderno de anotações no bolso e, junto com o desaparecimento dele, todas aquelas visões apagaram-se ao redor de mim. Certamente era mais seguro e tranqüilo viver somente com a minha mais sincera percepção e opinião. Qual ela era? Ah, isso fica para ser contado outro dia.


    

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei... continue...

bjinhos