"E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!" - Augusto dos Anjos, Monólogo de uma sombra.
Aquela rua parecia não ter mais fim. E eu corria, corria e corria. Desesperadamente em busca de um abrigo inexistente. O sol já havia se posto e não haveria lua naquela noite. As vezes a sua figura me vinha a mente. Uma pele branca como mármore, olhos azuis celestes, cabelos vivos e cor de fogo. Nua em minha frente, e com sua mão estendida, ela me convidava. Em meu desespero balançava a cabeça para os lados procurando não a ver mais. Mas, por mais que insistisse, aqueles olhos radiantes e realçados, como uma safira em meio ao carvão, me seduziam. Ela não via meu corpo mas sim meu coração.
Ace of Hearts - Selfportrait, Nikon D40 December 2007
2008/12/05
2008/10/24
Ela abriu a porta. Foi algo lento, tremulo e inseguro. Em metade de sua mente ela não compreendia o que poderia haver dentro daquela sala. Na outra metade já haviam brilhos de ânsia para conhecer a verdade por trás da porta. Mas, nas duas partes de sua mente, tudo realmente desejado naquele momento era a existência de uma janela, além daquela porta, por onde ela pudesse fugir em desespero.
2008/10/14
Finalmente descobri, ou admiti, ser uma criatura do deserto.
Não importa o quanto serja espetacular a praça urbana ou atrativa aos olhos pueris aquela roça distante e cheia de árvores.
Com minha vontade ou não eu levo no coração o deserto de onde provavelmente vim. Talvez ainda tenha marcas, de outras eras e gerações, do povo o qual eu pertenci. Com sua pele vermelha e seus olhos escuros.
Entretanto, mesmo aqui na cidade, eventualmente eu consigo retornar meu espírito para o deserto. E lá encontro todas as coisas e pensamentos possíveis. Vejo eles em desenhos formados pelo vento na areia que vem e vão.
Se um dia eu for embora, realmente embora, voltarei para o deserto. Lá encontrarei com certeza a paz que sempre me perseguiu e nunca me achou.
Não importa o quanto serja espetacular a praça urbana ou atrativa aos olhos pueris aquela roça distante e cheia de árvores.
Com minha vontade ou não eu levo no coração o deserto de onde provavelmente vim. Talvez ainda tenha marcas, de outras eras e gerações, do povo o qual eu pertenci. Com sua pele vermelha e seus olhos escuros.
Entretanto, mesmo aqui na cidade, eventualmente eu consigo retornar meu espírito para o deserto. E lá encontro todas as coisas e pensamentos possíveis. Vejo eles em desenhos formados pelo vento na areia que vem e vão.
Se um dia eu for embora, realmente embora, voltarei para o deserto. Lá encontrarei com certeza a paz que sempre me perseguiu e nunca me achou.
2008/09/10
Quando parti, fui com a alegria de ter feito tudo exatamente como queria.
Das roupas claras que usei ou as muitas pessoas que magoei.
Não me arrependi de nada por que no final tudo valeu a pena.
É triste ver tantas almas se arrependendo por o que não viveram.
Já eu não me arrependo de nada que vivi.
Nunca mais irei voltar.
Já mandei queimar os meus navios e todos os que insistiram em neles continuarem.
Das roupas claras que usei ou as muitas pessoas que magoei.
Não me arrependi de nada por que no final tudo valeu a pena.
É triste ver tantas almas se arrependendo por o que não viveram.
Já eu não me arrependo de nada que vivi.
Nunca mais irei voltar.
Já mandei queimar os meus navios e todos os que insistiram em neles continuarem.
2008/08/25
Ela andava com certa tranquilidade pela estreita mureta da cobertura.
Sentia o vento bater, ondular seu corpo, ora para um lado, ora para outro.
A provável viagem até o primeiro andar pode ser assustadora.
A confiante equilibrista não escorre uma gota de preocupação.
Ela pode voar. Com asas em seu coração e projeções em sua mente.
O infinito ou sua imaginação não a assustam.
Para ser um equilibrista é preciso equilibrar-se.
E para voar e preciso saltar. Mas para somente sonhar não...
Ruby by Dashinvaine
2008/08/14
Ensaio
Não tinha dor. Mas ao olhar para as suas próprias mãos e ver a pele se rasgar de dentro para fora, enquanto escamas reptilianas brotavam em seu corpo, era suficiente para gritar em desespero absoluto e ter rompantes de ódio e destruição sobre tudo o que existia ao alcance da mão.
Não perda a consciência. Mas ao conceber que alguns segundos depois não seria mais um humano, e sim uma besta, re-construía laços de identidade. Ser civilizado ou humanizado não tinha o menor sentido. Ele era uma besta e como o monstro que era iria agir.
Não havia fuga. Ao ser homem, a frágil criatura, não queria ser besta. Ao ser besta, o impulsivo animal, não queria ser homem. A besta luta contra o homem, o homem luta contra a besta. Uma batalha onde não existe mais forte levando a existência destes dois seres bizarros em um mesmo corpo.
Não tinha dor. Mas ao olhar para as suas próprias mãos e ver a pele se rasgar de dentro para fora, enquanto escamas reptilianas brotavam em seu corpo, era suficiente para gritar em desespero absoluto e ter rompantes de ódio e destruição sobre tudo o que existia ao alcance da mão.
Não perda a consciência. Mas ao conceber que alguns segundos depois não seria mais um humano, e sim uma besta, re-construía laços de identidade. Ser civilizado ou humanizado não tinha o menor sentido. Ele era uma besta e como o monstro que era iria agir.
Não havia fuga. Ao ser homem, a frágil criatura, não queria ser besta. Ao ser besta, o impulsivo animal, não queria ser homem. A besta luta contra o homem, o homem luta contra a besta. Uma batalha onde não existe mais forte levando a existência destes dois seres bizarros em um mesmo corpo.
2008/08/01
Os movimentos são como a pena e o vento
As cores em contraste
Espantam os curiosos ao redor
Eu vejo luzes brilharem nas paredes
No teto
Em seus olhos
E repentinamente a inspiração me ilumina
Como a luz do sol que surpreende o corvo
Eu posso voar!
Posso ir além de sua imaginação
Eu posso te levar
Fazer dos seus sonhos
A mais doce lembrança de sua vida
As cores em contraste
Espantam os curiosos ao redor
Eu vejo luzes brilharem nas paredes
No teto
Em seus olhos
E repentinamente a inspiração me ilumina
Como a luz do sol que surpreende o corvo
Eu posso voar!
Posso ir além de sua imaginação
Eu posso te levar
Fazer dos seus sonhos
A mais doce lembrança de sua vida
2008/07/21
das pessoas.
Abro mão de meus padrões e noções lógicas
permitindo somente um corpo intuitivo de minha
mente ver os fatos como realmente são, sem véu,
sem máscara, sem mentiras.
Das muitas coisas que eu vi, uma em especial
prendeu a minhas atenção.
Não era somente sombras, ou leveza. Muito
menos formas ou descrições.
Não era beleza, sim, não era beleza ou exuberância,
não era fantasioso e tão pouco sentimental.
Talvez um "ponto de honra", como uma flor
de dignidade, decoro, elegância, no meio de
um imenso salão de gafanhotos.
Mas para mim, não era nenhuma palavra.
Somente uma elegante sedução feita com poucas
palavras.
Olá, vamos dançar? Será um prazer.
permitindo somente um corpo intuitivo de minha
mente ver os fatos como realmente são, sem véu,
sem máscara, sem mentiras.
Das muitas coisas que eu vi, uma em especial
prendeu a minhas atenção.
Não era somente sombras, ou leveza. Muito
menos formas ou descrições.
Não era beleza, sim, não era beleza ou exuberância,
não era fantasioso e tão pouco sentimental.
Talvez um "ponto de honra", como uma flor
de dignidade, decoro, elegância, no meio de
um imenso salão de gafanhotos.
Mas para mim, não era nenhuma palavra.
Somente uma elegante sedução feita com poucas
palavras.
Olá, vamos dançar? Será um prazer.
2008/07/11
Ele andava pelo deserto e repentinamente não viu mais sua sombra. Procurou em todos os lados, observou as solas dos pés mas nada encontrou.
Intrigado começou a olhar ao seu redor, como quem procura um ladrão em fuga e ao mesmo tempo deseja não ver o responsável por tão medonho acontecimento.
Assustado e confuso ele correu em desespero, como se o deserto fosse guia-lo para algum lugar. Então, tropeça. Cai com as mãos na areia e observa de perto aquela terra que o cerca.
Nesse momento, pensa consigo mesmo: quem é você agora homem sem sombra? Do que é feito? Será se ainda estou vivo?
As dúvidas enlouqueciam sua mente e, em desespero, ele começa a chorar.
Nesse momento ele olha para o deserto, e vê sua sombra novamente, ali, presa aos seus pés.
Tranquilo, o homem volta a caminhar...
Intrigado começou a olhar ao seu redor, como quem procura um ladrão em fuga e ao mesmo tempo deseja não ver o responsável por tão medonho acontecimento.
Assustado e confuso ele correu em desespero, como se o deserto fosse guia-lo para algum lugar. Então, tropeça. Cai com as mãos na areia e observa de perto aquela terra que o cerca.
Nesse momento, pensa consigo mesmo: quem é você agora homem sem sombra? Do que é feito? Será se ainda estou vivo?
As dúvidas enlouqueciam sua mente e, em desespero, ele começa a chorar.
Nesse momento ele olha para o deserto, e vê sua sombra novamente, ali, presa aos seus pés.
Tranquilo, o homem volta a caminhar...
2008/06/30
2008/06/16
2008/06/09
O brilho
O doce brilho das diferenças
Como uma estrela, ou espelho
Reinventando o já inventado
E nesta tela de tons tão iguais
Porque não ser diferente?
Da esquerda para a direita, as modelos Miriam, Mischa e Steffi posam para fotos
prontas para participar do festival alemão de pintura corporal (Foto: Martin Oeser/AFP)
O doce brilho das diferenças
Como uma estrela, ou espelho
Reinventando o já inventado
E nesta tela de tons tão iguais
Porque não ser diferente?
Da esquerda para a direita, as modelos Miriam, Mischa e Steffi posam para fotos
prontas para participar do festival alemão de pintura corporal (Foto: Martin Oeser/AFP)
2008/06/06
2008/06/04
Se aquela mesa fosse minha mesa
Talvez
Seria assim
A cadeira do lado um jovem
Observando
A distante mulher
Na sacada do outro lado da rua
Na cadeira em outro lado
A mulher de cabelos curtos
Loiros
Em vestido branco
E branca, como Titânia
Fintaria a mim
Um jovem escritor em uma mesa
A devanear com seu caderno
E na terceira cadeira
Um elegante homem
De mãos delicadas
Com as bordas dos olhos
Veria as pernas cruzadas
Em um vestido negro a sua frente
Mas, na quarta cadeira
Estaria eu
Em alguma forma
Curioso pelas pessoas de minha mesa
E seus olhares externos
Enquanto conversava sobre
Trivialidades da vida
Mas
Aquela mesa não é minha
E ninguém está sentado
É só mais uma tediante e repetitiva
Mesa vazia
2008/05/29
Quer conhecer? Quer conhecer?
Deixar o vislumbre de lado
Mergulhar nas sombras do corpo
Descobre nomes e formas
Quer aprender? Quer aprender?
Perceber ações e reações
Sentir temperatura, textura, odores...
Abrir colos e ver por dentro
Mas, sabe, não tem mais graça perguntar
Por que ninguém mais sabe responder
Hoje só se aprende a esperar
E só se conhece a covardia
Mergulha
Mergulha
Desce lá no fundo
Quando nada mais enxergar
Olha para cima e veja a luz
Eu sou a luz
Volta
Volta
Vai ter vontade de conhecer
Vai querer aprender
Sozinho é só escuridão
Mas comigo
Comigo
É luz!
2008/05/26
No fundo foi o furor
Levou-me as profundezas
Aos horrores abissais
Em busca de um coração
E com meus versos
Paguei o preço da minha alma
Guiada viva por Caronte
Para o caminho do meu destino
Lá muitos enfrentei
Temores
Tristezas
Tudo era derrotado pela busca
Traria de volta
Um fruto do meu egoísmo?
Levaria para lá
Um fruto do meu autruísmo?
Retornei
As margens do Aqueronte
Não tenho coragem de olhar para trás
Não consigo voltar meus olhos para mim
E ver que agora vivo sem um coração
Rio Aqueronte
2008/05/20
Na Tela
É uma pergunta ou uma afirmação?
Como se eu fosse nítida
Medo do desconhecido
Meiga e manhosa...
Delineado, contornado e obviamente bonito
Não presto
Procuro não dividir as coisas
"Amore"...
As pessoas se interessam pelo o que somos
Vou ficar nua para você
Foi dolorido
Tenho notado isso
Arrancando pedaços
2008/05/14
2008/05/12
do Lat. extase < Gr. ékstasis, mudança de estado
Repentinamente estava ali
Chegara muito antes
Muito antes da embriagues
Contradizendo o dito por muitos
Chegou como amiga de longa data
Sem bater a porta ou perguntar
Posso entrar?
Simplesmente virou e disse
Agora contigo que irei estar
Esteve
As cores mudaram de repente
Tonalidades desconhecidas
Sensações
Sangue correndo dentro de mim
Como esteve ali sempre e eu não sabia?
Agora chegou a hora
Neste êxtase tão intenso
Meus neurônios mudaram de lugar
As estrelas fazem seu trabalho
Ou as borboletas começam a voar
Tudo depende da sua preferência
Seja ela qual for
O êxtase antes do amor é sempre igual
- s. m.,
- arrebatamento íntimo;
- estado emocional, com estreitamento do campo de consciência, em torno de uma representação ou ideia de conteúdo amoroso ou místico;
- Teol.,
-
- estado da alma em que os sentidos se desprendem das coisas materiais;
- contemplação de coisas sobrenaturais;
- encanto;
- enlevo;
- arroubo do espírito.
Repentinamente estava ali
Chegara muito antes
Muito antes da embriagues
Contradizendo o dito por muitos
Chegou como amiga de longa data
Sem bater a porta ou perguntar
Posso entrar?
Simplesmente virou e disse
Agora contigo que irei estar
Esteve
As cores mudaram de repente
Tonalidades desconhecidas
Sensações
Sangue correndo dentro de mim
Como esteve ali sempre e eu não sabia?
Agora chegou a hora
Neste êxtase tão intenso
Meus neurônios mudaram de lugar
As estrelas fazem seu trabalho
Ou as borboletas começam a voar
Tudo depende da sua preferência
Seja ela qual for
O êxtase antes do amor é sempre igual
2008/05/03
Sim, sim, sim... a vida poderia se mover pelo sim
O tempo poderia passar, ou voltar
As aves irem embora
Ou a neve pela manhã cair
Tudo poderia acontecer com um sim
Mas a vida move-se através do se
Se você chorar, se você voltar
Se esperar, se apressar
Se viver para ver ou se morrer
Se quiser, sim, depende de você.
Nick Brandt
2008/04/30
Vem meu amigo, sente aqui
Conte-me o que tem vivido
ou quantas pessoas conhecido
Talvez a viagem tenha feito
ou na comunidade uma escola contruído
Conta-me amigo, tem bebido?
Quantos porres com os amigos?
e a Ritinha finalmente beijou... ou amou?
Diz meu amigo
Diz o que tem feito
Além de gastar tua energia
Na cama com teu travesseiro.
Conta-me meu amigo
O que você tem feito?
2008/04/27
2008/04/24
O coração me leva
Ou alguma força qualquer dentro de mim
Com ou sem nome
Guia os meus passos e decide para onde ir
Ergue-me das sombras e traz o sorriso
Derruba-me na chuva em meio a lágrimas
Sim, meu coração me leva a todos os lugares
Seja fácil ou difícil.
Não estou no topo do mundo
E por mais que eu queira
Ninguém me concedera asas ou escada
Mas meu coração pode me guiar até lá
Quem conhece a si mesmo de dentro para fora
Conhece todas as possibilidades de sua existência
Quem conhece a si mesmo de dentro para fora
Aprende a conhecer os outros de fora para dentro
Hoje eu vou voar pois meu coração irá me levar
Sunset silhouette, Squeaky Beach
2008/04/21
Química
Seria aquele calor
borboletas no estômago
Frio na espinha, pernas bambas
Insignificante e insensível química?
Medo ou incapacidade de sentir
Viver ausente de explicações
Para tudo é dado um nome
Horror, o horror! É tão difícil sentir?
Sem ser domado ou catalogado
Por favor comece a respirar
É preciso ser livre e capaz de ver
Entender a simplicidade da idéia
De que muito pouco importa.
Gostaria de um pedestal firme como o de Atlas
E vivências tão vastas quanto o universo
O Grito - Edvard Munch
2008/04/18
Foi algo assim,
perceptível mas não visível
insinuante porém suave
sem detalhes mas com essência
Estavam perdidos
Conhecidos se conhecendo
novamente
agora eles se entendiam
e naquele momento
de sentimentos puros e intrínseco
perceberam sem sentir
que se amavam ali.
Blue woman, by Isarawin
2008/04/15
Acordei
e me enxerguei
Os olhos, a mão, boca...
Por que querer ser este Diogo?
De onde vem tanta vontade de continuar
Assim
Nesta forma
Tão pequena e limitada.
Seria medo? Seria timidez?
Seria por que sempre sonhei em ser este Diogo?
Amanhã acordarei novamente como hoje
e certamente verei novamente
os olhos, a boca, a mão
mas não será mais
este mesmo
Diogo
by Brian Cruickshank
2008/04/10
libido
s.f.
procura instintiva do prazer, sobretudo sexual; desejo; necessidade sexual; sensualidade;
Psican.
energia psíquica originada por necessidades biológicas primitivas, as pulsões da vida (para Freud);
qualquer forma de energia psíquica (para Jung).
Eu necessito, tu necessitas, ele necessita.
Eu nego, não pego, finjo que não existe, escondo-me em meu armário
Tu voa como louca, não pensa, vive ou realiza. Come com selvageria e instintivamente. Um animal.
Ele necessita. Sabe, entende e vive sua necessidade. Transforma o carvão bruto de sua virilha e um diamante eterno em seu coração.
an image of 21, featuring Kylie Minogue's eye projected onto two Rambert dancers
Photograph by Chriish Nash ©
s.f.
procura instintiva do prazer, sobretudo sexual; desejo; necessidade sexual; sensualidade;
Psican.
energia psíquica originada por necessidades biológicas primitivas, as pulsões da vida (para Freud);
qualquer forma de energia psíquica (para Jung).
Eu necessito, tu necessitas, ele necessita.
Eu nego, não pego, finjo que não existe, escondo-me em meu armário
Tu voa como louca, não pensa, vive ou realiza. Come com selvageria e instintivamente. Um animal.
Ele necessita. Sabe, entende e vive sua necessidade. Transforma o carvão bruto de sua virilha e um diamante eterno em seu coração.
an image of 21, featuring Kylie Minogue's eye projected onto two Rambert dancers
Photograph by Chriish Nash ©
2008/04/08
Ela vem
Sozinha na noite
Com olhos abertos, atentos
Observando em todo lugar
Talvez agora seja
Hora da caça
Ela vai
Ela vem
Para perto de mim
Entrelaçar-se ao meu corpo
Com seus olhos firmes e ligeiros
Preso em mim, como unha ao dedo
Tudo em minha volta agora vejo
Pois meus olhos rapinos
Vivos dentro de mim
Agora possuem
Corpo de ave
Em mim.
2008/04/07
Poucas luzes, pouco brilho.
Roupas pretas
Encontros, encaixes
Será se ela pensa?
Será se eu penso?
Movimentos
Meios e entremeios
Me atrai com seus olhos,
A atraio com meu corpo.
A observo, ela se movimenta.
Cadência, estilo, sincronia.
Tudo se perde
Ao fim da última nota
http://salsabomba.salsadrome.co.nz/
2008/04/06
Boo! Assuste-se!
Hoje não tem sentido no sentido das coisas
Hoje os versos saem na contramão
de minha mão canhota e torta
Boo! Seria um fantasma ou uma viagem pelo luar?
Escrevo para nada e para ninguém
Escrevo para os tolos procurarem a mensagem
onde não deixo nenhuma chave
Seria a existência desejo das borboletas
ou um vazio imenso da casa espiral do caracol?
Uma barata caminha ao meu redor
tenho nojo, mas não digo nada.
Acrylic on canvas abstract painting by Nickola McCoy
2008/04/05
Olhos
Olhos, muitos olhosDesconexos observadores
Impossível olhar um deles
Assim mesmo, todos estavam lá
Alguns riem sem porque
Outros se calam
Gradativamente retornam a uma condição fetal
Dentro dos próprios úteros
Mesmo que estes não existam.
Os segundos são lentos, agoniantes,
Certas vezes o relógio parece correr para trás
O momento e o desejo parecem nunca passar,
E nunca chegar.
Tenho pensamentos capazes de fazer aqueles ao meu redor mais felizes, mais confiantes, mais satisfeitos...
Tenho pensamentos que se propagam através de palavras, escritas ou faladas, inundando a alma dos que a eles tem acesso. São ideias, descrições, histórias, mentiras, sentimentos...
Meus pensamentos não são nada incomum, matéria e energia como toda matéria e energia. Na verdade, não são meus. Eles voam através de minha mente e da mente de todos existentes...
Então, porque somente ao saírem de minha mente tais pensamentos fazem as pessoas mais felizes, mais confiantes ou mais satisfeitas? Talvez fosse mais fácil ensinar as pessoas a verem estes pensamentos nelas mesmas de forma que não seria mais necessário ler ou ouvir as mesmas palavras.
Entretanto, mesmo tendo consciência da existência dos pensamentos em mim mesmo, infelizmente tenho a consciência que não sou mais feliz, mais confiante ou mais satisfeito por causa dos meus pensamentos.
Talvez, ao escutar as mesmas coisas que eu digo de outra pessoa a magia do bem estar se realizasse. Então, de certa forma, tais pensamentos não valem de nada. e meus textos não tem propósito.
A única importância é quem escreve e quem lê.
Leitores deviam procurar seus escritores, e escritores deviam procurar seus leitores.
O que se fala ou o que se escuta, não importa.
Transcenda a poesia.
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