2008/08/14

Ensaio

Não tinha dor. Mas ao olhar para as suas próprias mãos e ver a pele se rasgar de dentro para fora, enquanto escamas reptilianas brotavam em seu corpo, era suficiente para gritar em desespero absoluto e ter rompantes de ódio e destruição sobre tudo o que existia ao alcance da mão.

Não perda a consciência. Mas ao conceber que alguns segundos depois não seria mais um humano, e sim uma besta, re-construía laços de identidade. Ser civilizado ou humanizado não tinha o menor sentido. Ele era uma besta e como o monstro que era iria agir.

Não havia fuga. Ao ser homem, a frágil criatura, não queria ser besta. Ao ser besta, o impulsivo animal, não queria ser homem. A besta luta contra o homem, o homem luta contra a besta. Uma batalha onde não existe mais forte levando a existência destes dois seres bizarros em um mesmo corpo.


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